Viagem a São Paulo na CBR

Bom, sou um apaixonado por motos desde meus 16 anos, quando tive meu ciclomotor. Mas, não sei se feliz ou infelizmente, não faço questão que minhas motos sejam novas. Basta que sejam do meu gosto e do gosto do meu bolso.

Foi assim que tive várias motos, as melhores foram a CB400 81, que perdi para a polícia por causa da minha irresponsabilidade de andar errado com os docs, e a atual CBR 450 amarela. Antes dessa, tive uma Titan 150 0km, que troquei nessa CBR.

A moto não estava mesmo muito confiável, e essa era a pior loucura da viagem. Troquei o óleo da moto, filtro de óleo, limpeza nos carburadores, a única coisa que me preocupa realmente é o fato de estar pingando óleo no estator, aí ela fica ruim de pegar, além da suspeita de folga no eixo virabrequim.

Mas não adianta mexer comigo que sou teimoso. Foi assim que viajei num Citroen Evasion, carro importado, emprestado, muito mal conservado, que ainda quebrou no caminho. Mas consegui chegar e não me arrependi de nada que fiz.

Mas não sei o que estava acontecendo comigo, parecia que queria fazer tudo ao mesmo tempo, como se me restassem poucos dias (creeedo!!). Fizemos a viagem com a intenção de visitar nosso afilhado Marcelo em São Paulo, onde moramos por um ano junto com eles (minha cunhada, seu marido e o menino). E eu deixei bem claro com minha esposa que não queria viajar com pressa. Meu objetivo era passear, inclusive na estrada.

Saída 06/05/08:

Nossa intenção era levantar umas 5 da manhã, mas minha pequena amanheceu ruim do estômago, daí, vi a minha viagem ir pro ralo. Graças a Deus, lá pelas 7 da manhã ela estava bem. Perguntei várias vezes se ela estava boa pra viajar (rezando pra ela dizer "sim"), e saímos 7:15h. Paramos num posto em Leopoldina, 25km, pra deixar um envelope, e seguimos estrada afora. Que delícia! A CBR se comportava maravilhosamente bem, com seu ronco comportado do dois-em-um quase original. Na batida dos 85/90km/h, a idéia era mesmo ir sem pressa, apreciando cada instante da viagem. Mesmo eu rodando 75km de estrada de 15 em 15 dias, aquilo era bem diferente, são outras paisagens.

Primeira parada:
Paramos em Sapucaia-RJ, cidade de divisa de estados de MG e RJ, a mais ou menos 100km da minha partida. É que eu tinha colocado pouca gasosa com medo de entornar, eram já 9 da manhã, e o sol estava fresquinho, gostosa mesmo aquela manhã. Pra não dizer que tudo são flores, o velocímetro da motoca parou de funcionar. Comemos uma rosca de polvilho, acompanhada de uma coca, dizem que ajuda a melhorar o estômago, mas a pequena já estava bem melhor. Mais 15 reais de gasosa no tanque (bem cheio) e lá vamos nós! Seguimos viagem, a próxima cidade seria Jamapará, depois Três Rios, Vassouras, Barra do Piraí, e Volta Redonda, onde pegaríamos a Dutra.

Segunda parada:
A segunda parada foi rápida, num posto de beira de estrada, depois de Três Rios-RJ, que a minha esposa pediu para descansar a coluna. Parei à beira do canteiro, esticamos uma sacola de plástico e deitamos na grama (igual andarilhos, rsss!). Mas foi muito bom pra descansar a coluna, que já começava a doer, na região da nuca, doía um pouco também, talvez fosse a tensão mesmo. Uma coisa que não gosto é de viajar sem velocímetro. Em 10, 15 minutos, já estávamos na estrada novamente. E a moto, que tinha certa dificuldade pra pegar, depois de uma paradinha dessa, sempre pegava na primeira tentativa. Seguimos em frente.

Terceira parada: almoço.
Fui fazendo as contas a que horas estaria em Volta Redonda-RJ, que é a metade do caminho, calculei que entre 12 e 12:30h estaria lá. Acabei acertando. Meio dia e mais um pouco chegamos em Volta Redonda, vi um anúncio de almoço e paramos pra almoçar. Não procurei nenhum lugar caprichado, porque minha esposa por exemplo eu já sabia que não ia comer mesmo. Mesmo assim, pedimos dois almoços, ela comeu bem pouco. Conversamos um pouco, e depois de meia hora desde que paramos, já estávamos na estrada novamente. Atravessamos a cidade e pegamos a Dutra. Agora, tudo é diferente. Não tem mais as curvas fechadas para me distrair, a estrada é bem mais larga e espaçada, tudo isso faz ficar ainda mais cansativo.

Quarta parada:
Passando por Itatiaia, ao avistar o posto Graal, perto de Rezende-RJ, divisa do estado de RJ com SP, minha esposa “cutucou” de novo nas minhas costelas, chamando pra descansar. Entrei no posto, e parei novamente num canteiro mais afastado do movimento. Até aqui, tínhamos rodado 320km. Novamente, deitamos na grama, pra esticar as costas (e doía, hein?) ao pé de uma árvore, que dava uma sombra gostosa. Foi nessa brisa gostosa, clima agradável, que acabamos adormecendo. Devíamos ter perdido nesse cochilo uns 20 minutos, e acordamos super dispostos (hoje penso no perigo que corremos...). Dali, a Ione disse que estava bem mais disposta, que era pra adiantar a viagem.

Fizemos só mais uma parada pra abastecer, no posto Graal de Queluz-RJ, mesmo lugar onde os ônibus da Itapemirim param. Enchi bem o tanque (20 reais), e seguimos em frente. Tínhamos rodado agora 370km (segundo o Google Earth), e faltavam 230km pra rodar.
Foi aí que cometemos um erro: seguimos sem parada até chegar em São Paulo. Foi a gota d'água pro cansaço vir com bônus. Só parávamos nos pedágios e seguíamos em frente. E pra completar, às 16:30h, já na região de Aparecida do Norte, o frio veio com tudo. E eu estava sem luvas, não me lembrava do frio cortante de SP.... quanta inocência...

Chegamos quase 18h, eu com uma dor no braço direito terrível, já nem sabia mais qual era a moto que estava pilotando, do ronco do escape, só ouvia um zumbido lá dentro da minha cabeça dolorida, e pra piorar, fiz a cagada de ir com o capacete aberto (o fechado, além de ser ruim, estava emprestado.

A chegada, que era pra ser triunfal, foi mesmo dolorosa. O sogro da minha cunhada estava de saída e ofereceu pra gente descansar em sua casa, enquanto a irmã da minha esposa não chegava com o marido e o nosso afilhado. Desmontamos no sofá, com um cobertorzinho simples, eu acordei 1h depois com a campainha tocando. Era o pequeno de 5 anos pulando de alegria. Mas naquela noite, eu não era ninguém pra brincar com ele...

A volta 15/05/08:

Bom, passamos mais de uma semana em SP. Na quinta-feira. dia 15/05/08, nos preparamos pra voltar. Mochila presa no tanque com a rede (bem mais cheia do que na vinda) e a minha esposa carregando no colo uma pequena bolsa com algumas coisas.

Saída:
Saímos às 8:15h da manhã, por estar frio em SP, não quisemos sair mais cedo. Mas agora eu estava mais prevenido: uma camisa sem manga, por cima, outra camisa de malha, por cima dessa, uma de manga comprida, por cima dessa, minha jaqueta de couro, a luva de napa que comprei na famosa rua 25 de março, e duas calças. Peguei a Dutra, controlando meus pensamentos pra relaxar o máximo possível, agora com o velocímetro funcionando (era só "entortar" um pouco a trava que fica na roda), fomos numa batida só até Aparecida do Norte, a 170km de São Paulo, acompanhados pelo velocímetro (pra meu orgulho).

Primeira parada:
Paramos num posto nos arredores de Aparecida do Norte, insisti com a esposa pra entrar em Aparecida, ela respondeu que estava com pressa. Fizemos um lanche, mais uns 15 minutos de descanso e partimos, comemorando a trégua do frio. Foi só sair de São Paulo, e as nuvens se dissiparam. Aí, minha alegria pelo velocímetro durou pouco: aos 196km, o velocímetro parou de novo. Devo ter andado mais uns 50km, até parar para abastecer. Aí, não reparei onde estava, devia estar perto da divisa com o RJ.

Segunda parada: almoço.
A segunda parada, para abastecer, foi num posto bem simples, não lembro a cidade, sei que já tinha passado a divisa de estado SP/RJ. Aproveitei pra ver se conseguia consertar o velocímetro, dessa vez não dava mesmo, quebrou o cabo. Ia ter que voltar sem velocímetro, assim como fui. Abasteci, liguei a moto no tranco, que não pegou na partida, e continuamos. A essa altura, já começou a aparecer o cansaço incomodando com uma dor nos ombros, mais perto da nuca. Mesmo assim, resistimos a parar só em Volta Redonda, e conseguimos. Paramos num posto na saída da cidade, almoçamos e descansamos um pouco. Eu já estava sentindo calor com o monte de camisa que estava usando.
Dali, seguimos viagem, eu já estava bastante relaxado, pois a tensão da Dutra já tinha ficado pra trás, e agora à minha frente, restavam as curvas da estrada de mão dupla, um sentido de viagem bem mais "light".

Terceira parada:
Depois de Volta Redonda, paramos num posto, numa descida a uns 80 km mais ou menos de Volta Redonda. Descansamos um pouco, deitamos para recuperar as costas, e seguimos.

Quarta parada: pneu vazio...
Pra não dizer que não aconteceu nada de errado na viagem, quase chegando em Três Rios, a mais ou menos 170km de Volta Redonda, senti a moto "rebolar" um pouco. Parei para verificar, o pneu traseiro estava murcho. Como ainda não tinha esvaziado todo, andei mais uns 700m. Mas a preocupação me fez parar, para descermos da moto e empurrar um pouco. A sorte é que tinha um posto a 300m dali. Parei no posto, enchi o pneu com 33 libras, joguei água, não vi nenhuma bolha. Parei numa borracharia do posto, não vi ninguém, então segui em frente. Tentei acalmar a dona Patroa (parece que funcionou), e entrei atacando as curvas, passei por Três Rios, não vi nenhum lugar bom pra parar, e segui direto. Fui parar num arraialzinho, chamado de Anta, 30km mais ou menos de Três Rios. Um borracheiro olhou e certificou de que não estava vazando nada, segui viagem. E o ponteiro da gasolina me assustando. Mas eu estava decidido a abastecer no mesmo lugar da vinda, em Sapucaia-RJ. Graças a Deus, deu certo.

Quinta parada:
Paramos em Sapucaia-RJ para abastecer. Agora, mais 100km e estaríamos em casa. A ansiedade tomou conta da minha esposa. Na ida, ela estava mais tranquila, cheia de espectativas de ver o menino. Na volta, já estava mais melancólica, nem conversava comigo mais, perguntando a toda hora quanto tempo faltava pra chegar. Não enchi muito o tanque. Coloquei só 15 reais e seguimos em frente. No posto, a moto não quis pegar. Dei o tranco, e a moto deu um tiro alto antes de pegar. Isso me preocupou. Era sinal de que o problema do estator estava piorando. Rezei e pedi a Deus pra deixar a gente chegar em casa.

Chegada!
Bom, pra não esticar mais a conversa, chegamos em casa às 18:15h, bem menos cansados do que a chegada em São Paulo. Eu, feliz por ter percorrido os 1200km de ida e volta a São Paulo, e a minha pequena, triste por não estar perto do nosso afilhado... como são diferentes os anseios dos homens para o das mulheres, né?

Bom, perdoem pelo relato quilométrico, mas é aqui que me sinto mais à vontade de contar as minhas travesuras na CBR!

Muuuuito legal sua aventura, Ronald. Sou louco pra fazer uma doideira dessas! Se não fosse a falta da partida elétrica, o problema com o estator, o pneu vazio, o frio nas mãos, a dor na coluna, o capacete aberto, no frio... Se não fosse tudo isso, o que vc teria pra contar pros amigos? Tudo bem, quando sai tudo certinho, a viagem é prazerosa, mas logo cai no esquecimento. Já quando acontecem alguns imprevistos sem maiores conseqüências, a viagem torna-se uma aventura. E aventuras são as melhores recordações que podemos ter, não é mesmo? Parabéns!

cara vc é corajoso ,, eu não tenhu coragem de fazer uma viagem dessas com todos os equipamentos que tenho nem com a moto que tenho que tem tudo ..parabens pra vc ...queria ter essa força de vontade rs
abraços

Obrigado pelos elogios, pessoal. Ainda bem que agora a moto está bem melhor, já peguei confiança no motor dela, pega fácil a qualquer hora, consertei o problema do estator (eu mesmo, em casa), troquei os carburadores, está bem melhor o funcionamento dela.

Agora, o Rubmar falou uma verdade: se não fosse esse desafio com os defeitos da moto, o que eu teria pra contar? Ah, fui em SP e voltei de moto... aham... e daí? Rssss...

Bryam... é mesmo questão de gosto... acabei unindo o interesse da minha esposa em ver o afilhado e único sobrinho dela ao meu interesse e vontade de muitos anos de fazer uma viagem dessa.

Mas, sinceramente? Tenho mais lugares pra ir, parentes em Vitória-ES (400km), Bahia... se Deus quiser (e minha esposa topar, rsss), ainda vou nesses lugares!

showwww a aventura!!! parabénssssssssssss

Idade : 52 Mensagens : 1 Localização : Sãom Paulo Inscrito : 24/02/2009

Amigo parabéns pela aventura comprei a minha CBR 450 a pouco tempo e ela tem vários reparos a serem feitos mas assim que ela estiver no ponto de bala quero sentir a fera na estrada fiz uma viagem de São aulo a Bahia em 2005 4500KM ida e volta e sem dúvida a aventura supera em muito os contra tempos boas viagens!!!!

Assunto: Re: Viagem a São Paulo na CBR Qua 11 Mar 2009, 21:04

Po kra ! show este seu relato ! como menbro recente daki (2008) ainda naum deu tempo de ler todos os topicos , mais fiquei facinadi com seu relato ! Talvez ate poruqe de certa forma me indentifiquei com ele pois guardadas as proporções ja passei por algo igual com meu carro ! Mais assim que conseguir comprar minha cbr espero fazer uma viagem e seu depoimento só me encorajou !!!!!vlw

Assunto: Re: Viagem a São Paulo na CBR Ter 14 Jul 2009, 15:05

Pois é... navegando no site, encontrei esse relato que eu contei há mais de 1 ano atrás, e essa semana estou prestes a fazer outra viagem longa com a CBR.
Dessa vez ela está bem melhor, com 2 pneus novíssimos, o problema no estator acabou de vez (colocando um retentor original no eixo do virabrequim e trocando as bobinas do estator), ainda essa semana vou trocar a relação, e a moto está muito mais gostosa de pilotar, já que agora a conheço muito bem.

Minhas férias esse ano já se passaram, voltei a São Paulo em maio num Escort XR3 ano 89 que tinha acabado de comprar (1 mês e meio), já voltei sem ele, fui roubado enquanto estava numa feira livre, fiquei muito chateado... mas antes ele do que a CBR, né? Rsss...

Então, amigos! Se eu fizer mesmo a viagem a Vitória, volto aqui e conto a vocês como foi... nada, nada, são 415km só de ida...

Exelente parabens, sou louco pra fazer uma viagem dessas, caso eu consiga deixar minha moto redondinha até o fim do ano, to pensando em "dar uma de louco" ir de São Paulo à Presidente prudente da +ou- 800 KM (só de ida), mais isso é coisa a ser planejada ainda.
Show sua viajem véi!!!

Ih, rapaz... e não é que é capaz de eu voltar lá em outubro? O niver do afilhado é dia 17, e se não conseguirmos um carro pra levar a sogra, o papagaio, o cachorro, e mais alguma coisa, vou fazer a proposta pra patroa de a gte ir de moto de novo.

Agora a moto tá bem mais afinadinha, dá pra manter uma velocidade maior (só andava até 90km/h, de medo do motor), perdi o medo da moto.

Idade : 38 Mensagens : 1625 Localização : Minas Gerais Inscrito : 22/09/2008

Cara Parabens adorei o relato!!!

Rider, e não é que criei coragem e tô escrevendo um livro?

Chama-se 'diários de um motólatra', e conta a história de um rapaz, desde o seu nascimento até a morte, contando suas agruras com a moto, viagens, etc.

A parte chata é que tem relatos sobre casamento, família, etc. para não ficar só na fissura das motos, hehe...

Qdo finalizar eu aviso...

Idade : 38 Mensagens : 1625 Localização : Minas Gerais Inscrito : 22/09/2008

Opa avisa sim!!! isso vai fica mto bom!!! e vc escreve bem detalho mto bem o relato da viagem!!!